quinta-feira, 22 de abril de 2010

Majestade Intestinal

Abram alas
Para o Rei
Que passa

Majestade Irrefutável
De tudo que é
Ou sonha em ser

Do sangue tão anil
Que se confunde
Com o ceu, azul
E o mar

Batam palmas
Para a sua
Graça

Tirano Irreversível
De tudo que pratica
O ato de respirar

Nem o Sol, que é o Sol,
Brilha mais que a luz
Que reflete da coroa
Que o define realeza

Fez por que fez
Ser nobreza,
O tal leonino

Genioso,
Inventou logo
De viver no meu
Intestino

Abram alas
Para o Rei
Na minha Barriga

Pedro Vargas

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Quando a gente se vê
A remoer as lembranças mais distantes
Do fundo do Cocuruto

Quando a gente escuta
A gente mesmo falando nomes
Falando coisas
Só pela leveza que dá
Lembrar

Quando a gente se sente
Chover no molhado
Quando a gente se cheira
E só sente o nariz
Escorrendo
De lágrima, de choro
De catarro

Quando tudo é tão óbvio
Que dá raiva
Que se mata
De alegria
Com a leve brisa
Que trouxe o que há de bom
De volta
De supetão
É tão bom
É sublime
É suave
É verdade
É saudade


Pedro Vargas