domingo, 2 de agosto de 2015

HUMUS

Conheço homens de todos os tipos
tipos e credos, incrédulos, incontroláveis.
Há os homos, os héteros, os trans,
Homens transitam por diversos estados,
Territórios, traços, trejeitos,
Tamanha é a potêncialidade do seu ser.

Ser humano,
Não sei sê-lo sem pensar o que seria
Des-ser Humano,
Descer, ser menos, silêncio
No lugar da expressão.
São tantos os seres dentro de mim,
Não admito ser apenas humano,
Já que vivo desumanizado,
Demasiado o estímulo de negação.

Eu era homem, fui castrado.
Costuraram minha boca,
Calaram o meu falo.
Agora falam por mim,
Escolhem minha roupa,
Definem meu sotaque,
A música que ouço,
Mesma comida pronta,
A mesma programação.

Um ataque, um último, um íntimo.
A subjetividade, coitada,
Moldada pelo meio que vive
Convive com covardia,
Reproduz selvageria,

Humano é tudo que me falta
Seria humano se não fosse menos
Seria menos se não fosse humano
O que me distorce a humanidade
Também é, e principalmente isso,
O que me torna digno dela.

A Humanidade, idade das idéias,
Cidades, cinismos, sintomas,
Sentinelas, Sentimentos,
Centelhas, centímetros.
Sem tetos, Sementes,
Semântica, Semáforos

Seres sem sentido
Seresteiros, certos de si,
Seremos mesmo humildes
Para ser Humanos?


Pedro Vargas