segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Araribóia


Eram dois garotos bem novinhos discutindo sobre o Rio e Niterói:

- Dá pra passear de barca
-Aqui também!
- Dá pra andar na ponte
- Dããã! aqui também, ô mané!
- Mas daí pra cá tem que pagar pedágio
- Ué, mas se você vem você volta
- Mentira, se eu quiser volto de barca
- Mas volta de qualquer forma
- Mas uma coisa num tem nada a ver com a outra.
- É verdade. Quero ver me barrar agora: aqui tem Jesus! E aí? Hein?
- Aqui.... Aqui tem um índio!
- Grande coisa. Que que ese índio faz?
- Sei lá. Peraí que eu vo perguntar pra minha mãe. MANHÊÊÊÊ!!!!!!

Então o menino larga o fone e sua voz some. Após alguns instantes reaparece o garoto com a resposta na ponta da lingua, como se decorada.

- O índio Araribóia atravessou a Baía de Guanabara a nado partindo do Rio de Janeiro. Na outra margem fundou a cidade de Niterói.
- Que burro!!! ao invés de pegar a barca!!!
- Eu falei a mesma coisa pra minha mãe. Ela disse que não tinha barca ainda.
- Que estranho.
- Pois é

Alguns segundos de silencio se passaram.

- Mesmo assim! Grande coisa atravessar a baia de guanabara! O meu ANDAVA sobre a água!!!
- É, mas o meu fundou Niterói!!!
- Ué, o meu fundou o Rio!!!
- Mas o meu andava por aí peladão!!
- E o meu andava cheio de roupa!
- Que que isso tem de legal?

Do outro lado da linha o garoto parou, ficou pensando em silencio até chegar à sensata conclusão:

- É, você tem razão. Niterói é bem mais legal que o Rio.

Pedro Vargas

domingo, 20 de setembro de 2009

O Buraco

Buraco
Lindo buraco
Quentinho, escurinho, molhado

Como é bom esse buraco
Como eu quero ele pra mim
Meter, meter de novo
Enfiar até o ovo

Entre pernas
Entre falos
Está o buraco
Num vai e vem revolto
Num entra e sai danado

domingo, 13 de setembro de 2009

Chuvisco



Chovia, ali, uma chuva
Fina como agulha
Ele, então, deixou-se banhar
Com as gotículas de maravilha
Que caiam do céu sem reclamar
Lavou ali sua alma
E, de quebra,
Ainda pegou um resfriado


Pedro Vargas