quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Mago e a Feiticeira


Lê a minha mão. Me fala o que se pode saber de mãos.
Me fala o que se pode ter nas linhas, nas marcas digitais.
Me conta da tua quiromancia. Me diz da tua mágica.

Minhas mãos é que te lêem.
Elas que tocam teu corpo, te sentem quente,
quentes por algo mais.

Que tocam cabelos e mais cabelos da tua cabeça de cigana, de mágica, Feiticeira.
As mãos te lêem facilmente, Feiticeira, como a um livro escrito em braile.

As mãos lêem teu cheiro de mulher,
Enxergam a tua cor queimada de sol,
Sentem o teu gosto de canela,
Teu sabor de mato,
De cidade,
Do Rio de Janeiro.

As mãos agem sozinhas.
Sem precisar dos meus comandos de bobo enfeitiçado.
Sábias mãos de Mago.

As mãos escutam teu rock'n'roll envelopado nessa capsula de flores, cores, vermelhos, verdes.

As mãos saboreiam da tua carne, brincando com teus sentidos,
Causam arrepios no teu corpo de maga.

As mãos que gostam do teu gozo, que querem te tocar a boca num beijo feitiço.

Mãos de mago.
Contudo mãos de homem.
Inquietas mãos que não se controlam de desejo
De tesão,
De afeto,
De carinho.

Mãos que te tocam feito violão.
Que te acordam em acordes
Acorde de amarelo
Acorde de sexo
Acorde de amor
Acorde de poesia.

No fundo é essa a tua mágica.
Teu corpo não é matéria física.
É melodia,
Canto de passarinho,
Coacho de sapo,,
Buzina de carro,
Música dos Beatles,
Barulho de mar no fundo da concha.
És canção da vida compactada
Num corpo de mulher.

Pedro Vargas