quinta-feira, 30 de maio de 2013

Corpo Violão

Carrego lamúrias debaixo do braço
Sob o corpo de violão

Degusto
Desgostos
e depois adoço a vida
Numa xícara de café

Des-figuras
Desfiguram
A poesia.

Na cabeça de um atormentado
Choviscos
São tempestades

À tarde
É tarde
Para tanta inconsistência
E tão pouca melodia

Pedro Vargas

terça-feira, 28 de maio de 2013

Temporal

O tempo passa
E observa
A selva de pedras
Pela janela
De um lotação
Lotado

Coitado,
Foi terceirizado!
Desempregado
Vende bala
Mas não se abala

Segura o balaústre
E, ilustre,
Propagandeia:
Balas sabor artrite
Guloseimas de lembrança
Pirulitos de saudade
Quebra-queixos
Choques de realidade

Preterido,
O tempo se treme
E teme
O frio de se tornar
Pretérito

Trocado, lamenta,
Por uns trocados
Passa maus bocados
Aos trapos
Num canto
Da Central do Brasil

Pedro Vargas

domingo, 26 de maio de 2013

Pinga

Nublou
A brisa trazia,
Fria, um frio.
Uns pingos
Ameaçavam
Cair do céu.
Pinga
Parecia ser
A melhor solução.
Pingava no copo
Mililitros
E um cheiro subia
Volátil.
Um frio dos diabos!
Uma cachaça
Esquenta as entranhas
Artimanhas
De quem manha
E manja
Mias de noites
Que de manhãs

Pedro Vargas

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Quero Quero


Quero QUero
Alça voo
Todo desengonçado.
Engraçado.
Se me engraço
Me desgraço
Pelo fato
Desse pássaro
Passear
E passear
E nem nunca
Se pousar

Me debruço
Nesse bicho
Curioso que só
De saber
Os seus sabores
Desabar
Nos seus enigmas
Debochar
Dos seus defeitos
Que, perfeitos,
Na garganta
Me dão nó

Mas se lhe acho
Lhe depeno
Lhe degolo
E descolo
E descubro
O rubro
Do teu rosto
Quando posto
Em sorriso

Ah, quero quero
Desgraçado
Não sei se te quero
Com o vento
Ou comigo
Quero tê-lo
Quero tato
Quero beijo
No teu bico

Pedro  Vargas

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Suor

Deitei na minha cama,
Um cheiro de Fernanda
Subiu o meu nariz.
Fui feliz,
Por um instante.
Mas logo vi:
Era só o cheiro

Para o meu desassossego
Não havia Fernanda.
Apenas a Lembrança
Louca
E um Riso frouxo
Escapando
Pelo canto
Da boca

Pedro Vargas

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