terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Os Tetos

Os telhados
Olhados de cima
São retrato do trato
Que o teto recebe
Trasteja, Troveja
E a telha trepida
O Sol lá em cima
E a telha se aquece
É vermelha, a cerâmica
Do mesmo barro
Que, outrora, a nós
Moldara
Quanta maldade
Mudar tão bela e viva
Matéria
Pelo zinco ranzinza
Ou o amianto
Abjeto
Fico em prantos
Quando vejo teto cinza
Melhor, até, seria
Um teto preto

Pedro Vargas

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Queda Livre


Bem lá onde o sapo canta Até onde a vista alcança Enlaço a luz do sol Bebi da água sagrada Embriaguei minha alma Nas dunas do seu lençol E eu guardei aquele cheiro doce Daquele cheiro que você me trouxe Aquele dia tinha cor de céu E tinha dias que você não vinha E tinha coisas que você não via Era eu voando num avião de papel Voando raso Rasgando aurora Era um minuto Pareciam horas Chovia dentro E o Sol lá fora Era desbunde Desmanche Deslize Deserto Era certo te ver na multidão Era seco Era doce Era vinho era pássaro Caído do ninho Alçando vôo Na escuridão