Olhei para o céu, como quem não quer nada e, como quem não quer nada, deparei-me com a Lua sorrindo pra mim, ao lado de uma estrela brilhante, num azul de céu que teima em anoitecer. Um sorriso largo que me lembrou alguém, não lembro quem (mentira). Fiquei me perguntando porque será que a Lua mora tão longe de mim? E a Lua deu uma risada daquelas, como se me escutasse lá do espaço intergalático. Era tão bela, a Lua. Como aquela pessoa que meu cérebro insiste em não lembrar quem é (mentira). Então a Lua me disse "vem cá". Peguei emprestado um foguete com a NASA e fui voando como um cosmonauta, sem pensar em nada. A lua me chamava porque o Sol, seu marido, tinha ido embora trabalhar pros japoneses.
Passei a noite em estado lunar, a beijar aquele sorriso, a provar daqueles encantos. Passei uma noite e tanto como amante da Lua. Foi quando, no céu, surgiu um amarelo, e o azul marinho passou a ser azul celeste. Caí lá de cima feito pipa avoada, ou gaivota destrambelhada (como se gaivota destrambelhasse). Quando dei por mim, em minha cama, uma baita dor de cabeça e um galo na testa, quase não acreditei.
Fui à Lua e voltei.
(Ando muito celestial ultimamente)
Pedro Vargas