segunda-feira, 17 de maio de 2010

Canto Rouco de Uma Voz Falha

Sozinha
No escuro de uma falange, faringe
Laringe, sei lá
Sozinha
Chora canção sem som
Pois se faz necessário sê-la
Para cantá-la
Sozinha
Quer sair e ganhar o mundo
Num grito rasgado
Mas é sempre isso
Uma boca fechada
Calada
Sozinha
Tateia, no escuro,
As cordas vocais,
Sua lira, nas horas de melancolia
De que adianta ser voz
E linda voz
Se o dono não fala?

Pedro Vargas

terça-feira, 4 de maio de 2010

Veja, Fulô


Desperta, despetalada
Cheia de mau-me-quer bem-me-quer
Leva cheiro de amor
Beijo de beija-flor
Uma paleta cheia de cor,
Fulô

Teu néctar embebeda
Até mesmo abelhas mais experientes
Teu fruto permeia o irreal
de tão surpreendente
Teu mal é que afana atenções
De todos os passantes
E transeuntes
E horizontes,
Fulô

As coisas que andam
Invejam teu jeito
Parado de ser
As coisas que enxergam
Veneram a tua beleza
Ó, Fulô, veja, você
És paraíso em forma de planta
És o supra sumo da vida
E da beleza
Nesse nosso
Azul planeta.

Pedro Vargas