quarta-feira, 4 de julho de 2012

Crise de Identidade

E a fila não anda.
Sentado, vagueando
Por momentos minúsculos.
E a fila manda
Nos meus desejos
De sair daqui.
Daqui de onde?
Ninguem responde.

Ouço chamar
Milhões de nomes.
Nenhum me é estranho
Mas nenhum é meu.

Aconteceu
Que não me reconheço.
Antes era gente.
Era.
Agora sou pedra
E pedra não se chama.
Por isso fico,
Encrustado
E só isso.

A pedra some
E fica o vulto.
Espectro da espera.
Um papelzinho verde
Com uma fotografia.
Só mais um
Dos tantos uns
De todo dia.

Pedro Vargas

domingo, 1 de julho de 2012

Descanso

Chega a fêmea
E pousa no banco
Cheia de graça.
Ave, Maria,
Quanta pose
Pra um pouso!

Repousa, a fêmea,
No banco.
Um descanso
Pra tanto dia-a-dia.
Para, respira,
Arruma o cabelo
E segue a vida.

Levanta, a fêmea,
E alça voo.
O banco fica,
Parado,
Pregado no chão.
Queria segui-la
Mas não.

domingo, 6 de maio de 2012

Metafísica do Abraço

Um braço no outro
E um laço enlaça
O corpo querido.
Enrosca-se
A carne, a idéia
O sorriso
O pranto, o grito.
Pra tanto sentimento
Pronta solução.
Embaraçados,
Os problemas
Não tem efeito
Sobre a mente
Abraçada
ou abraçante.
E se confunde
O tato e o tudo
E o quanto se gosta.
Forma-se Quimera
E a entrega
É mais que certa
Quem me dera
Quem me dará
O conforto
De um bom
Abraçar

Pedro Vargas

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Entrudo

Trovejam, na minha cabeça,
Pensamentos nebulosos de verão.
Um verão sem dono.
Sem sono.
Sem chão.

Verão abandonado,
Manchado por fatos
E fardos enfadonhos.
Fatos, tais, alheios à boca
Da clássica classe média
Burguesa. insustentada
Pelo Ecologismo
sob altas doses de demagogia
Que embaça a vista..

Agora nada importa.
Nem os mortos de fome que gritam
Dos tais pinheiros paulistas
Espancados,
Botados em trapos
pelos "Braços armados do povo.".

Nem os mortos que respiram
O ar empoeirado da capital.
Mortos de cansaço
Pra tudo há um basta.
Um chá de sumiço.
Afinal, Não existe Revés
Que um bom carnaval
Dê jeito.

Pedro Vargas