quarta-feira, 4 de julho de 2012

Crise de Identidade

E a fila não anda.
Sentado, vagueando
Por momentos minúsculos.
E a fila manda
Nos meus desejos
De sair daqui.
Daqui de onde?
Ninguem responde.

Ouço chamar
Milhões de nomes.
Nenhum me é estranho
Mas nenhum é meu.

Aconteceu
Que não me reconheço.
Antes era gente.
Era.
Agora sou pedra
E pedra não se chama.
Por isso fico,
Encrustado
E só isso.

A pedra some
E fica o vulto.
Espectro da espera.
Um papelzinho verde
Com uma fotografia.
Só mais um
Dos tantos uns
De todo dia.

Pedro Vargas

domingo, 1 de julho de 2012

Descanso

Chega a fêmea
E pousa no banco
Cheia de graça.
Ave, Maria,
Quanta pose
Pra um pouso!

Repousa, a fêmea,
No banco.
Um descanso
Pra tanto dia-a-dia.
Para, respira,
Arruma o cabelo
E segue a vida.

Levanta, a fêmea,
E alça voo.
O banco fica,
Parado,
Pregado no chão.
Queria segui-la
Mas não.