domingo, 3 de abril de 2016

Gávea

Na beira do precipício
propício início pra um fim
Vida inteira adiante
Diante dos olhos
Distante de mim

À rocha, mãe, agarro
Tal e qual gárgula,
Petrificado
Rendido à vista

Parado no alto
Da pirambeira:
Abismo entre o tudo e eu.
Quanto mais subo
Menor me torno:
Formiga, inseto,
Seta morro acima

Na beira do precipício
Sete macacos pulando
Sobre cabeça de gigante
Fenício

Do alto da pedra, vejo o vento
Com olhos mesmos,
Que a terra comerá.
Tamanha força há no sopro
Leva, leve como nunca
Pra onde não mais se volta

Agaves beiram a Gávea,
Enorme pedra fincada
Na paisagem.
Segredos e coragem
Jazem agora sob os pés doloridos

Na beira do precipício
Precipito-me
Grito-me
Renasço
Como a cobra
Que muda a pele
Quando cresce

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