O papel que a caneta rabiscava
Hoje, obsoleto,
Reside a estante de um museu
Não mais apago,
Deleto
Não mais escrevo,
Digito
O que era belo
Agora é arquivo
O que era belo
Agora é arquivo
Hoje é tempo de mudança
Meus dedos que seguravam lápis
Correm feito loucos
Pelas teclas do teclado
E meus olhos, pobres coitados,
Cansados da luz do monitor
Pedem ao meu corpo
Aconchego de luz apagada
E o calor de cobertor
Hoje não tem Tête-a-Tête
O mundo perdeu sua fala
A gente já nem mais existe
Sobrou apenas matéria
Que à duras penas resiste
A idéia já entrou pelo fio
A vida é um grande vazio
Porque a gente deixou se tornar
Hoje parece melhor,
Ou pelo menos
Soa plausível,
Que a terra perca o pudor
E passe a girar ao redor
Da tela do computador
Pedro Vargas
2 comentários:
Inteligente!!!!!!
Já estava com saudades de um post.
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