Devoram-me todo
De cima a baixo
Mastigam-me
Como se fosse sua comida
Olhos de névoa
Me encaram
Enquanto me engolem
Olhos de gato
Me enxergam
Enquanto consomem
Meu corpo
Entregue
Inerte
Olhos de gente
Me cravam os dentes
Olhos de esfinge
Em um corpo delgado
Moldado para o pecado
Olhos que me tiram o sossego
Me devoram
E me enchem de desejo
De tanto enigma ocular
Olhos de tanto segredo
Que parece um sonho
Que quando a gente acorda
Deita de novo na cama
Só pra voltar a sonhar
Pedro Vargas
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