domingo, 4 de dezembro de 2011

Esfinge

Indecifraveis olhos
Devoram-me todo
De cima a baixo
Mastigam-me
Como se fosse sua comida

Olhos de névoa
Me encaram
Enquanto me engolem

Olhos de gato
Me enxergam
Enquanto consomem
Meu corpo
Entregue
Inerte

Olhos de gente
Me cravam os dentes

Olhos de esfinge
Em um corpo delgado
Moldado para o pecado

Olhos que me tiram o sossego
Me devoram
E me enchem de desejo
De tanto enigma ocular

Olhos de tanto segredo
Que parece um sonho
Que quando a gente acorda
Deita de novo na cama
Só pra voltar a sonhar

Pedro Vargas

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