percorria-me o corpo, alvoroçada
Não sabia se era homem ou mulher
Era língua,
Era áspera, era linda
Molhava-me toda, atrevida
Entrava-me, gerando em mim
Lembranças ávidas de céu
Beijava-me os seios
Fazia-me seu brinquedo
Saliva lasciva girava em sonhos
Sonhos e gemidos de desejo
A língua enlouquecia-me pouco a pouco
E meu gemido agudo dizia tudo
Meu corpo não continha
O tanto de prazer que a língua me trazia
E o arrepio na perna
Entregava os pontos
Mais uma lambida
E pronto
Estava no céu, enxarcada
A língua crua
Me beijava a boca, nua
Provava meu próprio gozo
Retorcia o tornozelo
Pois a língua não parava
Não deixava respirar
Tornava sempre para os lábios
Os de baixo.
Pedro Vargas