São Paulo,
O ar seco e sujo
Que mal inspiro
De alguma forma
Me inspira.
E saio desatinado
Pelas sombras dos arranha-céus
Buscando meu lugar ao Sol
A multidão embrulhada
Desfila de cachecol
Na praça da Liberdade
Um chorinho aquece os ouvidos
Entre os vais e vens
Os vãos e trens coloridos
Os calos dos meus pés
Latejam doloridos
De tanto caminhar até tarde
Nas tardes dos dias idos
Buzinas, britadeiras
E outros sons agressivos
Combinam com as linhas
Tão retas de seus edifícios
E no meio de tanta loucura
Avisto um jardim florido
Destoando na paisagem
Como se fosse miragem
Um oásis, um abrigo
Meu recanto preferido
Dentre os tantos outros cantos
Que encontro pelo caminho
São Paulo,
Um abstrato poema
Desde lá da Vila Ema
Até a Vila Madalena
Quantas vilas eu já vi
Quantos vales eu desci
Na ladeira da Augusta
Como custa pra subir
Pra chegar até a Paulista
Passei pela Bela Vista
Que realmente é bela
Porém não tem mais vista
São Paulo,
Concreto armado até os dentes
Avenidas magníficas
Repletas de automóveis vazios
Exalando sua fumaça
Enquanto o trânsito engarrafa
Tanta gente acomodada
Anda meio cabisbaixa
Se cruza e não se olha
Se tromba e não se fala
De casa pro trabalho
Do trabalho até em casa
Pedro Vargas
Nenhum comentário:
Postar um comentário