sábado, 13 de dezembro de 2008

O Poeta Descalço

O poeta Pôs os pés no chão. Sentiu a textura áspera daquele concreto em que pisava. Era seu chão, de mais ninguem! Sentia-se orgulhoso por conseguir aquele cantinho para si. Seu próprio chão, quem diria!

Gostou tanto do seu novo chão que deitou-se, nu, por ali, só para sentir aquela liberdade por todo o seu corpo. Uma sensação inenarrável!

Permaneceu deitado por horas sentindo aquilo passar pelo seu corpo inteiro. Pelo tronco, pelo pênis, enrijecido de tanta emoção, pelos braços, pela mente, que alçou vôo naquele chão.

O poeta criou raízes e nutría-se de todas as maneiras possíveis daquele solo no qual ancorara-se.

Era feliz no seu chão, não precisava de mais nada! Seus pés presos no concreto o impediam de sair do lugar, mas nem se pudesse sairia. Ali era feliz e lhe bastava ali e ali viveria e ali morreria.

Pedro Vargas

Um comentário:

Anônimo disse...

Então é você o poeta que pisou um chão e o chamou de seu?
O que passou pelo teu corpo, poeta?
O que tocou teu tronco, teu pênis, tua emoção...? Preciso saber o que faz teus olhos e teu sexo brilharem.
O que te dá coragem, poeta?
O que é o que você encontrou neste mundo imenso de palavras confusas, loucas e... quase sempre desejadas pelas mãos trêmilas dos poetas das ruas, dos esgotos, dos céus e de todos os infernos?
Quem é você? Poeta?
Quem é você...?
Gostaria muito que você não soubesse a resposta.